31 agosto 2013

OMS: Fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde no Brasil é destaque

De acordo com Gadelha, transformações políticas e sociais interagem com as dinâmicas econômicas e industriais

O Encontro dos Produtores Públicos de Hemoderivados das Américas, evento que está sendo realizado pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), no Recife, de 28 a 30 de agosto, teve como ponto alto nesta quinta-feira (29/8) a conferência Estratégias para o Fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde no Brasil, feita pelo Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (MS), Carlos Gadelha. A palestra aconteceu entre as apresentações de representantes dos ministérios da Saúde e das indústrias deste segmento do Brasil e da Argentina, além da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), pela manhã, e de Cuba e da Venezuela, à tarde, sobre as experiências na produção industrial estatal de hemoderivados e na formulação política para a qualificação do plasma.
De acordo com Carlos Gadelha, transformações políticas e sociais interagem com as dinâmicas econômicas e industriais. “O Complexo Industrial da Saúde no Brasil sustenta a expansão e a qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS), que na última década proporcionou a inclusão de números de usuários equivalente a toda a população do Canadá”, afirmou. Segundo Gadelha, o pioneirismo da Hemobrás vai além deste evento. “A Hemobrás foi a primeira instituição brasileira a adotar um novo marco legal que permite encomendas tecnológicas associadas às compras governamentais e à transferência de tecnologia”, salientou, referindo-se à Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), firmado com o MS em outubro do ano passado, que proporcionou um acordo internacional com a Baxter para aquisição de expertise para produção do favor VIII recombinante em solo nacional, e a oferta do produto durante a vigência do contrato.
Na sequência da conferência, foi a vez da explanação de Cuba e Venezuela. A especialista em Gestão Ambiental da Direção de Controle de Qualidade e Aspectos Regulatórios da OSD BioCubaFarma (empresa que coordena os 35 parques fabris deste segmento no país), Maria del Pilar Ferrán, chamou atenção para o cuidado com a geração de resíduos. “Apesar de sermos uma indústria de medicamentos nobres, usamos muitos agentes agressivos, que abalam o meio ambiente. Então é importante, não só para a segurança do entorno, mas também dos trabalhadores, tomarmos algumas precauções. Em 2000, implementamos o nosso sistema de gestão ambiental sob o ISO 14000, por exemplo, e a nossa política ambiental é revisada anualmente para o seu devido cumprimento”, pontuou, reforçando que o ideal é não gerar resíduos, mas se não for possível, minimizá-los ao máximo. “O prejuízo pode ser incalculável”.
Encerrando os debates da quinta-feira, a Venezuela mostrou como é a visão da produção de hemoderivados naquele país. “Distribuímos medicamentos para 250 hospitais públicos, mas ainda assim importamos 50% do plasma utilizado. Temos consciência de que precisamos aumentar a cultura da doação de sangue espontânea e otimizar o uso do plasma, bem como a produção dos hemoderivados”, explicou Filomena Filho. “Por sermos uma empresa pública, temos a premissa de suprir todas as demandas do país”, concluiu.
O Encontro dos Produtores Públicos de Hemoderivados das Américas, realizado em parceria com a OPAS/OMS, tem como objetivo identificar experiências regionais que possam gerar cooperações técnicas entre os países, proporcionando maior acesso a uma saúde pública de qualidade. Atualmente, existem apenas sete fábricas estatais de hemoderivados no mundo, todas com o ideal de alcançar a autossuficiência e a autonomia tecnológica de seu país. O evento reúne 55 pessoas – entre eles representantes da Colômbia, que embora não possua fábrica de hemoderivados, demonstrou interesse no tema. A programação teve início com uma visita à unidade fabril da Hemobrás, em Goiana-PE, que seguiu ao longo do dia, com a formação de grupos de trabalho, com o objetivo de identificar as oportunidades para a execução de cooperação técnica entre as indústrias. O encerramento ficará por conta de um panorama sobre as áreas de sangue e inovação tecnológica, feito pela OPAS/OMS.

Assessoria
 
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