01 junho 2013

Economia: O outro lado de Goiana

Município reúne três polos econômicos e precisa de um plano diretor para balizar seu desenvolvimento
Comunidade Portelinha tem problemas que vão desde o saneamento básico até o analfabetismo

As indústrias chegaram ao município de Goiana, Zona da Mata Norte do estado. Por lá, estão sendo instalados os polos farmacoquímico, vidreiro e automotivo. Juntos, eles representam mais de 27 indústrias às margens da BR-101 Norte. São gigantes como a Fiat (investimento de R$ 7 bilhões), a Hemobrás (R$ 670 milhões) e a CBVP (R$ 770 milhões). Mas, ao sair das margens da rodovia, o cenário é outro. Por lá, ainda são muitos os passos que precisam ser dados para que o desenvolvimento entre nos lares da população.

“Não basta o PIB crescer se as pessoas não partilham desta atividade. Controle urbano, mobilidade e planejamento são pilares baratos e indispensáveis para o desenvolvimento sustentável da cidade”, reforça a economista Tânia Bacelar. Afirmação comprovada no levantamento contratado pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e realizado pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. O estudo mostra, por exemplo, que Goiana precisa de um plano diretor.

Os pesquisadores também indicam a necessidade de um plano municipal de saneamento básico e a criação de outro integrado entre saúde, educação e assistência no enfrentamento das drogas, homicídios e gravidez na adolescência. “Há uma expansão urbana desordenada. E se hoje a mobilidade é um problema para as comunidades mais afastadas, no futuro ele estará presente em todas as áreas. É esta a importância do plano diretor”, diz a pesquisadora do Aggeu Magalhães Teresa Lyra, coordenadora do projeto.

O levantamento mostra que os núcleos rurais possuem taxas de analfabetismo que variam de 27,7% a 52,6%. Além disso, 46,9% da população são beneficiados pelo Bolsa Família. A cidade ocupa o 24º lugar entre os 100 municípios do Brasil com maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes, segundo dados do Mapa da Violência 2010.

Estes são problemas diários enfrentados pelas 500 famílias da Comunidade Portelinha, uma das mais pobres do município, distante cerca de dez minutos do polo farmacoquímico. “Para levar as crianças ao ponto de ônibus para ir à escola, nós andamos mais de 30 minutos. Luz aqui é na gambiarra”, conta Zezão da Silva, 45, que há dez anos reside no local com a mulher, Lindomar dos Santos, 47, três filhos e uma neta.

Na região, os casos de doenças são muitos, principalmente devido à falta de saneamento básico. “Meus filhos vivem doentes. Eles estão cheios de feridas por conta das moscas e mosquitos”, reclama José Everaldo Francisco da Silva, 41, que mora no local com a esposa e três crianças.

Goiana em números
Os limites municipais são ao norte com o estado da Paraíba, ao sul com os municípios de Igarassu, Itaquitinga, Itamaracá e Itapissuma, a oeste com os municípios de Condado e Itambé e a leste com o Oceano Atlântico.
Aproximadamente:
75% dos domicílios estão ligados à rede geral de abastecimento de rua;
35% estão divididos entre as áreas abastecidas por poços e outras formas de acesso a água, como nascentes e carros-pipa (IBGE 2010).

O território possui 501 km de extensão e conta com uma população total de 75.644 habitantes (IBGE, 2010).

Aproximadamente:
24% dos domicílios estão ligados à rede geral de coleta de esgotos;
5% despejam seus esgotos em valas, rios e canais;
11% possuem fossa;
60% despejam seus dejetos em fossas rudimentares (IBGE 2010).

Propostas do estudo
Criação do Conselho  e do Fundo Municipal  de Cultura;
Ampliação da  cobertura das equipes  de Saúde da Família;
Desenvolvimento  do Plano Municipal do saneamento básico;
Implementação do Projeto de Gestão Integrada para a  Orla Marítima;
Agilização da  elaboração e aplicação  do Plano Diretor da  Bacia Hidrográfica  do Rio Goiana;
Implantação da  política de educação infantil, com melhorias  na alimentação e infraestrutura  das escolas;
Criação de plano integrado entre saúde, educação e assistência no enfrentamento das drogas, homicídios e gravidez na adolescência, além de esporte e lazer  para a juventude.

Fonte: Análise participativa da realidade socioambiental de Goiana

DiárioPE
 
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