05 abril 2011

Mulher presencia execução feita por PMs e faz denúncia ao 190 em tempo real

Por Bruno Paes Manso, no estadão

Uma ligação para o telefone 190 do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) em março deste ano mostra uma execução em tempo real. A testemunha permanece sob proteção policial. Ela ligou para a PM e descreveu o crime, que foi gravado. 

"Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai."

De onde presenciou o assassinato, a denunciante não conseguia ver a placa nem o prefixo da viatura policial. Enquanto falava com o Copom, ela teve sangue frio para esperar os policiais fecharem a viatura e passar em frente dela para que ela relatasse os dados ao Copom. "Espera só um pouquinho porque eles vão passar por mim agora. Espero que não me matem também. A placa é DJM 0451, o prefixo é 29.411, M 29.411."


Em seguida, o policial autor da execução percebeu a presença da testemunha, parou a viatura e foi em direção a ela. Corajosa, a mulher se antecipou e foi falar com o policial. "Tem um PM vindo na nossa direção. Oi, desculpa, senhor, o senhor que estava naquela viatura? O senhor que acertou o disparo ali? Foi o senhor que tirou a pessoa de dentro? Estava próximo de onde estávamos. Eu estou falando com a Polícia Militar".

Ainda durante a ligação, o policial fala à testemunha que estava socorrendo a vítima, conversa que também foi gravada. E tenta levar a testemunha para a delegacia. "Estava socorrendo? Meu senhor, olhe bem para a minha cara. Eu não vou (para a delegacia). Ele falou que estava socorrendo. É mentira. É mentira, senhor. É mentira. Eu não quero conversar com o senhor. E o senhor tem a consciência do que o senhor faz".

Os policiais militares acusados de execução registram um boletim de ocorrência de roubo seguido de resistência e morte. Alegavam que o homem morto havia resistido à prisão. Mas a iniciativa da testemunha fez a versão dos policiais cair por terra. Dois PMs estão presos no Romão Gomes.

A Polícia Militar manteve o caso sob sigilo para preservar as testemunhas.

Fonte: Blog de Jamildo

ATUALIZAÇÃO

PMs vão responder por homicídio

Por Priscila Trindade

Os soldados Ailton Vital da Silva, com 19 anos de serviço, e Filipe Daniel Silva, com 5 anos de serviço, foram autuados e encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes. A dupla trabalhava na 4.ª Companhia do 29.º Batalhão.

O suspeito foi assassinado na tarde do dia 12 de março. O infrator morto tinha passagens por roubo, receptação, formação de quadrilha e resistência, sendo egresso do sistema prisional desde 24 de agosto de 2010. Uma mulher, que visitava a sepultura do seu pai, presenciou o crime e ligou para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), no número 190. Ela viu quando os policiais tiraram uma pessoa da viatura e atiraram contra ela.

Os PMs podem ser expulsos da corporação. O Conselho de Disciplina da PM tem 45 dias para avaliar o caso.

Fonte: Jornal da Tarde
 
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