03 setembro 2016

Polícia: Mais de 200 delegados decidem não realizar plantões extras em PE

Decisão prejudicará atendimento em 90 delegacias do estado, diz Adeppe. Objetivo é pressionar por melhores condições de trabalho para a categoria.

Em Pernambuco, 217 delegados de polícia decidiram deixar de aderir ao Programa de Jornada Extra da Segurança (PJES), que possibilita a realização de 10 plantões mensais de 12 horas para preencher as escalas da segurança pública. Com essa decisão, o atendimento será prejudicado em 90 delegacias do estado e algumas delas deverão fechar. O anúncio foi feito pela Associação de Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) em coletiva de imprensa realizada na sede da entidade no bairro da Boa Vista, na área central do Recife, na tarde desta quinta-feira (1º).

De acordo com a Adeppe, sem a adesão desses profissionais aos plantões do PJES, serão fechadas sete delegacias na região de Goiana, na Zona da Mata Norte; 13 na região de Palmares, na Zona da Mata Sul; 14 na região de Garanhuns, no Agreste; outras três na região de Vitória de Santo Antão, também na Mata Sul; além de aproximadamente 50 no Sertão pernambucano. Segundo a entidade, essa foi a maneira encontrada pela categoria para pressionar o Governo do Estado a apresentar medidas para solucionar a falta de condições de trabalho dos delegados, como extensas jornadas de trabalho e delegacias sem infraestrutura adequada.

"Essa decisão é uma forma de protestar pela falta de valorização dos delegados de polícia de Pernambuco, que possui a pior remuneração da categoria em todo o Brasil, e também pela péssima infraestrutura das delegacias, algumas das quais não possuem limpeza e onde faltam itens báscios como água mineral e papel higiênico nos banheiros", afirmou o presidente da Adeppe, Francisco Rodrigues, ao G1 pelo telefone.

Na coletiva, a entidade anunciou também a realização da campanha ‘Olimpíadas do Medo’. Por meio dela, a Adeppe denuncia que, de janeiro a julho deste ano, ocorreram no estado mais de 2,6 mil homicídios, mais de 1,1 mil assaltos a ônibus, 125 arrombamentos a bancos, mais de 5,1 mil ocorrências de violência contra a mulher e mais de 13 mil roubos ou furtos de veículos.

"O objetivo é mostrar à sociedade os números atualizados da criminalidade em Pernambuco para alertá-la que a segurança está em xeque. Ou o estado acorda e passa a dar prioridade à violencia ou os casos de cirminalidade vão aumentar", complementou Rodrigues.

Resposta
A Secretaria de Defesa Social (SDS) informou, por meio de nota, que vai avaliar, em conjunto com a Polícia Civil, a extensão do movimento. Em seguida, adotará um plano de contingência, como já foi feito no ano passado, quando mobilização semelhante de natureza salarial foi deflagrada no segundo semestre.

G1
 
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