03 março 2016

Meio Ambiente: Cuidar da casa comum é responsabilidade de todos. Cuidar do Capibaribe também

Por Dr. Maicon Nunes Martins

Logo depois do carnaval foi lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 com o tema: Casa comum: Nossa responsabilidade. Como já é tradição, a CNBB (Confederação dos Bispos do Brasil) todo ano lança temas para a reflexão de toda a sociedade durante a quaresma.

Esse ano apresenta um tema sensível às nossas realidades e que unem todos os cristãos e não cristãos, ao propor a importância do cuidado com o meio ambiente e nossa "casa comum", o nosso Planeta Terra.

Em um momento onde o consumismo insustentável está se sobrepujando às vidas (de seres humanos e os outros animais terráqueos), a necessidade de refletirmos sobre as atuais mudanças - climáticas e sociais - é imperativa para a sobrevivência de todos os que habitam o planeta.

O consumismo desenfreado é, sem dúvida, o principal motivo que leva a utilização de nossos recursos naturais muito além das necessidades humanas e ao aumento das emissões de gases de efeito estufa, que são responsáveis pelo aquecimento global e que produzem catástrofes climáticas irreversíveis em diversos continentes. É também o consumismo o responsável pelo desmatamento, pela produção de alimentos transgênicos e pela utilização totalmente descontrolada de agrotóxicos nas lavouras, que contaminam mananciais, promove o assoreamento de rios e a destruição de nossas bacias hídricas. Um detalhe dessa tragédia diária: mesmo com um falso aumento da produtividade agrícola, toda a utilização dessa parafernália tecnológica não tem como objetivo acabar com a fome no mundo. Aliás, a fome cresceu nos últimos 20 anos, fruto de guerras e da selvageria do capitalismo global.

Por outro lado, a falta de tratamento de esgotos, existência de lixões a céu aberto e a pobreza extrema é também fruto do capitalismo em sua forma mais perversa, que prega a exploração do homem pelo homem na forma de trabalho análogo à escravidão ou em condições insalubres e humilhantes.

Não podemos aceitar que, ainda hoje, a totalidade dos municípios do Vale do Rio Capibaribe despejem, sem tratamento, seus esgotos em um dos mananciais mais importantes de Pernambuco. É terrível saber que o Capibaribe encontre-se com suas margens quase totalmente desmatadas ou assoreadas. Ele que é para uma dezena de cidades, dentre elas Paudalho, motivo de existência, pois foi nas margens do nosso Capibaribe que povoados do Vale se transformaram nos atuais municípios.

O que o Papa Francisco nos ensina na Encíclica Laudato-si a necessidade de cuidarmos da nossa casa e mãe, a Terra. Compartilhamos, pois, desta admoestação na oportuna Campanha Ecumênica da Fraternidade, que traz uma pauta única aos viventes do planeta, independente de religião: ou cuidamos de nossa casa e mãe, a Terra, ou estaremos com os dias contados.

A pauta política para 2016, portanto, deve conter o tema sustentabilidade como um dos focos principais, para conduzir desde já ações governamentais ou não-governamentais. É possível, sim, garantir a utilização dos recursos de nosso planeta para as gerações vindouras, mas para isso se faz necessário a mudança de pensamento de cada um dos homens e mulheres que hoje moram nesta grande casa chamada Terra.

“...Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas...” (São Francisco de Assis)

Dr. Maicon Nunes Martins é Médico, paudalhense, fundador da Associação Médica Nacional, ativista social, militante do Movimento Negro Unificado, membro da Coordenação do Movimento Paudalho Merece Mais.
 
-
-
Todos os direitos reservados à Anderson Pereira. Obtenha prévia autorização para republicação.
-