02 junho 2011

Crack: Classificação e efeitos no organismo (Parte 5), por Maxwel Aurélio

O QUE É O CRACK?

A Cocaína é uma substância encontrada em um arbusto, Erythraxylum coca Lamarck, peculiar nas regiões dos Andes, tendo como a Bolívia, Colômbia e Peru seus principais produtores. As populações destes países mascam as folhas da coca para superarem a fome, a sede e o cansaço; no século XIX a planta foi levada para a Europa onde se descobriu a substância que provoca seu efeito, a cocaína.

Esta planta ainda hoje é consumida legalmente no Peru e na Bolívia na forma de chá. Alguns povos como os Incas e os situados nos Andes provavelmente usavam para suportar as altas altitudes.

A planta passou por processos químicos para separar a cocaína da folha da coca, gerando um pó branco, cloridato de cocaína.No século XIX este pó branco passou a ser utilizado pelos usuários da cocaína, tanto por meio de sua inalação nasal como por sua dissolvição em água e injetada nas veias.

Através deste arbusto pode ser produzida a cocaína que através desta se originam, A MERLA, A PASTA DE COCA E O CRACK.

Quando a droga é usada pelos usuários através do fumo a quantidade de moléculas de cocaína atinge o cérebro quase que imediatamente produzindo um efeito explosivo, causando uma sensação de prazer intenso.

O prazer é rapidamente eliminado do organismo causando uma súbita interrupção da sensação de bem-estar, seguido, imediatamente por um intenso desprazer e enorme desejo de reutilizar a droga.

Os usuários na dependência da droga caem em um círculo vicioso em que os atos de usar a droga e procurar meios ( muitos começam a roubar e furtar seus próprios  familiares ) de usar novamente se alternam cada vez mais velozmente. Há uma grande diferença entre a cocaína em pó e o crack, os produtores de drogas preferem o crack, pois é muito mais barato e rápido de se levar as moléculas da cocaína ao cérebro em segundos causando um efeito intenso.

EPIDEMIOLOGIA DO CRACK NO BRASIL

No Brasil o uso do Crack deu-se início na década de 90 e hoje, século XXI, encontramos um consumo cada vez maior; segundo o II levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas Psicotrópicas no Brasil realizado em 2005 nas 108 maiores cidades de país, 0,7% da população adulta relatava já ter feito uso do crack pelo menos uma vez, entorno de 380 mil pessoas. O maior consumo de Crack foi detectado entre homens, na faixa etária de 25 a 34 anos, constituindo 3,2% da população adulta ou cerca de 193 mil pessoas, nas regiões Sul de Sudeste concentram-se o maior número de usuários.

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas ( SENAD ), por meio do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas ( CEBRID ), realizou um estudo do uso de drogas por meninos que vivem na rua, constatou-se taxas elevadas do consumo: o estudo constatou o uso de cocaína em 45% de menores no Rio de Janeiro, 31 % em São Paulo e 20% em Recife. O uso freqüente de crack foi mencionado em quase todos os estados, sendo maior em São Paulo, Recife, Curitiba e Vitória (variando de 15 a 26%). O crescimento da procura de tratamento por usuários de crack observado na década de 90 em outras capitais ocorre, atualmente, no Rio de Janeiro.

A AÇÃO DA DROGA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL:

Entre os usuários de cocaína e crack pode ocorrer uma complicação, a dependência. A dependência se caracteriza pela perda do controle do uso e por prejuízos decorrentes dele nas diversas áreas da vida pessoal, familiar, trabalho, lazer, judicial, etc.

Veja quando a cocaína é usada em suas diversas formas, o tempo que decorre para o efeito chegar ao cérebro:
1.Na forma de crack – chega ao cérebro em 6 a 8 segundos;
2.Injetada nas veias – chega ao cérebro de 16 a 20 segundos;
3.Quando cheirada – chega ao cérebro de 3 a 5 minutos para atingir o mesmo efeito.
Fumar o crack é a via mais rápida de fazer com que a droga chegue ao cérebro e provavelmente esta é a razão para a rápida progressão para a dependência comparando o uso de crack com outras formas de uso da cocaína.

DANOS FÍSICOS

Intoxicação
Depois de uma única dose os efeitos do crack aparecem, tendo como principais:
•A aceleração do coração;
•Aumento da pressão arterial;
•Agitação psicomotora;
•Dilatação das pupilas;
•Aumento da temperatura do corpo;
•Sudorese e
•Tremor muscular.

A ação no cérebro provoca sensação de euforia, aumento da auto-estima, indiferença à dor e ao cansaço, sensação de estar alerta especialmente a estímulos visuais, auditivos e ao toque. Os usuários também podem apresentar tonteiras e idéias de perseguição (síndrome paranóide).

Abstinência
Os sintomas principais da abstinência são os seguintes:
•Fadiga;
•Desgaste físico;
•Desânimo;
•Tristeza;
•Depressão intensa;
•Inquietação;
•Ansiedade;
•Irritabilidade;
•Sonhos vívidos e desagradáveis;
•Intensa vontade de usar a droga e
•Alterações no humor.

Eles começam a aparecer de 5 a 10 minutos depois do consumo e o auge ocorre de 2 a 4 dias.

Efeitos do Crack no Corpo
Os principais efeitos do uso do crack são decorrentes da ação local direta dos vapores em alta temperatura (como queimaduras e olhos irritados) e dos efeitos farmacológicos estimulantes da substância.

Nas Vias Aéreas
O principal órgão exposto aos produtos da queima do crack é o pulmão.
Os sintomas respiratórios agudos mais comuns são:
•Tosse com produção de escarro enegrecido;
•Dor no peito com falta de ar;
•Presença de sangue no escarro e
•Piora de asma.

Os usuários de drogas com tuberculose muitas vezes convivem em ambientes fechados e dividem os instrumentos de consumo da droga causando a disseminação do bacilo da tuberculose.

O uso do crack provoca no Coração:
•o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, podendo ocorrer isquemias, arritmias cardíacas;
•problemas no músculo cardíaco e
•infartos agudos do coração.

No Sistema Nervoso Central:
As principais complicações neurológicas do uso de crack são:
•Acidente vascular cerebral (derrame cerebral);
•Dor de cabeça;
•Tonteiras;
•Inflamações dos vasos cerebrais;
•Atrofia cerebral e
•Convulsões.

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS
O consumo de crack e cocaína têm sido associados diretamente à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como gonorréia e sífilis.

Os comportamentos de risco mais frequentemente observados são o número elevado de parceiros sexuais, o uso irregular de camisinha e troca de sexo por droga ou por dinheiro para compra de droga.

Deve ser levada em consideração a vulnerabilidade social a que estão expostas as usuárias de crack, que trocam sexo pela droga ou por dinheiro para comprá-la. Não devemos esquecer que há a possibilidade de transmissão de HIV através de lesões orais e labiais causadas pelos cachimbos. Em estudo realizado em Salvador, mostrou a prevalência de HIV de 1,6% entre usuárias de crack, percentual maior que a prevalência brasileira (0,47%), porém menor que estudos realizados com usuários de drogas não injetáveis na cidade de São Paulo (11%). O estudo atribui este achado a ações de redução de danos que ocorrem nas proximidades do local de seleção das entrevistadas. Este mesmo estudo aponta que cerca de um terço das entrevistadas já haviam tido relações sexuais em troca de dinheiro ou droga.

FOME, SONO E SEXO
O uso de crack pode diminuir temporariamente a necessidade de:
•Comer;
•Dormir; muitas vezes os usuários saem em “jornadas” em que consomem a droga durante dias seguidos;
•Redução do apetite;
•Náusea e
•Dor abdominal.

A alimentação e o sono ficam comprometidos, ocorrendo processo de emagrecimento e esgotamento físico. Os hábitos básicos de higiene também podem ficar comprometidos. O crack pode aumentar o desejo sexual no início, porém com o uso continuado da droga, o interesse e a potência sexual diminuem.

NA GRAVIDEZ (Gestante e Bebê)
O crack, quando consumido durante a gestação, chega à corrente sanguínea aumentando o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê.

Riscos para a mãe:•aumenta o risco de descolamento prematuro de placenta;
•aborto espontâneo e
•redução da oxigenação uterina.

Riscos para o bebê:
•pode reduzir a velocidade de crescimento fetal;
•o peso;
•o perímetro cefálico (diâmetro da cabeça) ao nascimento;
•má-formação congênita;
•maior risco de morte súbita da infância;
•alterações do comportamento e
•atraso do desenvolvimento.

IMPORTANTE! O crack passa pelo leite materno.

DANOS PSÍQUICOS
O crack afeta o cérebro de diversas maneiras, observe:
1.Diminue a oxigenação cerebral, alterando tanto o funcionamento quanto a estrutura do cérebro;
2.Pode prejudicar as habilidades cognitivas (inteligência) envolvidas especialmente com a função de planejamento;
3.Tomada de decisões;
4.Atenção, alterando a capacidade de solução de problemas;
5.A flexibilidade mental;
6.A velocidade de processamento de informações;
7.A “regulagem das emoções” (referindo-se à capacidade de entender e integrar as emoções com outras informações cerebrais); o controle de impulsos.

Alguns efeitos revertem rapidamente e outros persistem por semanas mesmo depois da droga não ser mais detectável no cérebro. A reversibilidade destes efeitos com a abstinência prolongada ainda é incerta. As alterações cognitivas devem ser levadas em conta no planejamento do tratamento destes pacientes.

Na próxima semana ( 07/06/2011 ) irei falar da “nova” droga devastadora que já está se espalhando pelo país “substituindo” o crack, OXI; até lá! 


Fonte: Sarcozona

Maxwel Aurélio é soldado da Polícia Militar e possui os seguintes cursos: Formação de soldados (SDS-PE), Curso de Inteligência de Segurança Pública (CISP/SDS-PE), Curso Intensivo de Ações Táticas Itinerante (CIATI/SDS-PE), Método Giraldi (SDS-PE), Pistola Taser (SDS-PE), Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (SENAD-UFSC), Formação de Formadores (SENASP), Busca e Apreensão (SENASP), Investigação Criminal I e II (SENASP), Polícia Comunitária (SENASP), Identificação Veicular (SENASP), Direitos Humanos (SENASP), Capacitação em Educação para o Trânsito (SENASP) e Local do Crime: Isolamento e Preservação (SENASP). 

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