12 fevereiro 2011

Corpo de idosa é encontrado em apartamento após quase 9 anos

Portal G1

O corpo de uma idosa portuguesa foi encontrado, na cozinha de seu apartamento em uma vila a 25 km de Lisboa, quase 9 anos depois do registro de seu desaparecimento. 

A descoberta ocorreu na terça-feira (8), dia em que ela seria despejada por atrasar a prestação do imóvel.

“Foi uma vergonha para o país. Se não fossem as Finanças (órgão responsável pelo despejo) quererem o dinheiro deles [o corpo continuaria lá]”, diz Aida Martins, de 82 anos. Foi ela quem, em agosto de 2002, avisou as autoridades locais sobre o desaparecimento da vizinha, Augusta Martinho, que completaria 96 anos neste sábado (12).

A aposentadoria havia sido cortada em 2003. Aida enviou de volta os recibos que se amontoavam na caixa de correio de Augusta. A energia também foi cortada. “Quando eu ia trabalhar, olhava para a janela dela, que tinha a luz acesa todos os dias. Até que um dia a luz apagou-se”, conta a aposentada Fernanda Borges, de 55 anos, também moradora do prédio.

Após localizar um parente pela lista telefônica, como orientada, Aida afirma ter voltado à Guarda Nacional Republicana (GNR, órgão ao qual havia comunicado o desaparecimento)  para abrir o inquérito. “Localizaram uma foto de quando ela era professora em outra cidade e me perguntaram se eu a reconhecia. Disse que sim", afirma Aida, que foi orientada a aguardar. Os pedidos de arrombamento não adiantaram, conta a idosa. “Eu disse: o condomínio paga a fechadura."

Na terça-feira, os novos proprietários, um funcionário das Finanças e um chaveiro chegaram para tomar posse. A porta de entrada já havia sido aberta, mas o corpo de Augusta impedia a entrada na cozinha. Os bombeiros foram chamados.
“Havia também o cadáver de um cão e de alguns pássaros, que deviam fazer companhia para ela”, diz Luís Pimentel, comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém, que atenderam à ocorrência. Em 43 anos de profissão, diz ele, foi a primeira vez que se deparou com um caso como esses.

A caixa de correio cheia de papéis sugeriu que algo não ia bem com Augusta, segundo Aida. “De noite eu pensava, 'será que ela caiu no mar?'”, conta a vizinha, já que a mulher viajava algumas vezes para o litoral. “Ou estava morta ou desapareceu. Perdeu o tino, sabe?”, comenta Laurinda.

Segundo os moradores, durante esses anos não se notou qualquer cheiro. Por isso, alguns supunham que ela estivesse no quarto, com a porta fechada. “Outro dia ainda comentei: 'será que a mulher está la dentro?'”, disse uma vizinha.

O corpo da vítima foi levado para o Instituto de Medicina Legal. Ainda não há previsão de quando será feito o enterro.
 
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