19 fevereiro 2019

Economia: Fiat usa game pernambucano para capacitar funcionários

Mais de nove mil operários usam o jogo, desenvolvido na Fábrica da Jeep de Goiana, para testar as habilidades da produção automotiva na América Latina

Você gostaria de treinar suas habilidades profissionais em um jogo de vídeo game? Pois os funcionários da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) aprovaram a ideia. Mais de nove mil colaboradores da montadora na América Latina têm treinado as competências exigidas na fabricação de automóveis em um aplicativo de celular que simula a operação de uma fábrica e coloca o "jogador" na posição de gerente da linha de montagem. É o PlantX, game que foi desenvolvido em Pernambuco, através de uma parceria entre a Fábrica da Jeep de Goiana e uma das empresas embarcadas no Porto Digital, a Joy Street.

Analista de engenharia de manufatura da FCA, Miguel Lorenzini conta que a ideia nasceu durante um processo de capacitação dos funcionários pernambucanos, mas deu tão certo que foi expandida para toda a América Latina e já está pronto para chegar em outros polos da FCA no mundo. "Eu tinha a missão de fazer uma capacitação em massa. Como muita coisa tem funcionado através da gamificação e nós estávamos próximos do polo de tecnologia do Recife, decidi fazer um jogo de celular que simulasse os problemas encontrados na fábrica", lembra Lorenzini, que conversou com uma série de empresas de tecnologia para desenvolver o produto, até que a pernambunaca Joy Street apresentou uma solução interessante para a FCA.

"Criamos a simulação de uma fábrica em que o jogador é o gerente da planta e tem a missão de investigar os problemas apresentados pelos seus técnicos", detalha Lorenzini, dizendo que o colaborador se depara com 60 situações de perda para resolver durante o game. E a solução não é tão simples quanto parece, pois o jogo simula com exatidão o processo produtivo de um carro.

Quando abre o aplicativo, o jogador se depara com todos os setores, equipamentos e operários de uma fábrica de automóveis. A planta ainda é dividida em turnos e setores, como os de prensas, funilaria e montagem. Por isso, é preciso percorrer boa parte do empreendimento, conversando com os operários, para localizar, estudar e resolver o problema apresentado pelo jogo. E o funcionário ainda passa por dez níveis diferentes no game, sempre buscando soluções com foco na melhoria contínua da produção automotiva.

Segundo a FCA, é uma forma, portanto, de capacitar os funcionários nos pilares do World Class Manufacturing - metodologia que abrange todos os aspectos da manufatura (posto de trabalho, qualidade, manutenção e logística). "A meta era capacitar, mas também acabamos resolvendo problemas de qualidade e perdas de tempo, meio ambiente e energia", acrescenta Lorenzini. Como recebe um relatório com o desempenho dos jogadores, a Jeep ainda pôde identificar as fraquezas de cada jogador e, assim, desenvolver um treinamento especializado para as fragilidades de seus funcionários.

Por isso, o game logo foi levado de Goiana para outros polos da FCA. Hoje, já está disponível em português e espanhol para todos os funcionários do grupo na América Latina. "São mais de nove mil pessoas jogando. E o jogo em inglês já está pronto para chegar a outros locais", adianta o analista da FCA, dizendo que o game está disponível para download tanto em celulares quanto em computadores e tablets. Para acessar, basta inserir a matrícula do contrato com a FCA.
Jeep terá robô colaborativo

Outra iniciativa tecnológica que busca aperfeiçoar a produção automotiva deve ser testada na Fábrica da Jeep de Goiana a partir deste ano. É um robô colaborativo que vai atuar como o "terceiro braço" dos operadores que hoje verificam o alinhamento dos carros produzidos em Pernambuco.

Importado da Alemanha por aproximadamente R$ 220 mil, o robô não deve se confundir com os outros robôs que já operam em Goiana. É que as máquinas atuais operam de forma independente. Já a nova estará do lado dos operários, como se fosse mais um homem da linha de montagem.

Especialista em engenharia de manutenção da FCA, Thales Avila explica que o conceito de robô colaborativo que atua junto com o ser humano nasceu com o advento da Indústria 4.0 - conceito que pode eliminar a distância entre homem e máquina através da automação de várias atividades do dia a dia industrial.

"O robô pode desempenhar uma série de funções. Pode apertar parafuso, colocar roda, aplicar cola, mas sempre em colaboração com o homem", conta Avila, dizendo que os primeiros robôs colaborativos da América Latina estão sendo testados na Fábrica da Fiat de Betim, em Minas Gerais.

São dois robôs que operam na montagem do kit corrente dos motores Firefly, entregando ao operário as peças que ele precisa para executar essa tarefa. "É um robô garçom", brinca o gerente da planta de motores, Cláudio Froes, dizendo que isso reduziu o tempo de deslocamento e a melhoria da ergonomia dos seus funcionários. "Deu agilidade ao nosso processo produtivo porque reduziu em 30% a movimentação do empregado, que passou a receber os materiais de montagem na mão", explica. Ainda houve uma redução de 15% nos movimentos desnecessários da operação manual.

Por isso, dois robôs trabalham juntos com cinco operários na fábrica de motores de Minas Gerais. E mais duas máquinas desse tipo vão chegar a Betim neste ano. Desta vez, para ajudar na funilaria dos veículos. Outro vem para Goiana. "É um robô que vai verificar o alinhamento das portas e da carroceria dos carros de Pernambuco", adianta Avila, sem revelar quando o equipamento chega à Fábrica da Jeep.

FolhaPE
 
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