06 novembro 2015

Aumento do nível do mar nos próximos 25 anos: Goiana tem baixo risco em relação às mudanças climáticas e à erosão

Num cenário mais pessimista, 35% da costa pernambucana ficaria em alerta máximo sobre erosão

Calor extremo, falta d’água e de energia, queda na produção agropecuária, doenças e prejuízo por ressacas do mar. O cenário, nada otimista, é previsto para todo o País daqui a 25 anos. É o que sugere o maior levantamento já feito sobre impactos do clima, o “Brasil 2040 - Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”, encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e publicado, sem alarde, na página do órgão. No caso do Recife, o estudo aponta que a Capital pernambucana poderá sofrer o aumento do nível do mar e do assoreamento dos estuários.

“Num cenário mais pessimista, 35% da costa pernambucana ficaria em alerta máximo com relação à erosão e às mudanças climáticas”, afirmou o oceanógrafo e professor da UFPE Pedro Pereira, reforçando o que a pesquisa nacional alerta.

A previsão veio a partir de um mapeamento feito pelos departamentos de Oceanografia e de Engenharia Cartográfica da UFPE, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. As consequências dessas alterações no clima poderiam atingir de forma direta cerca de 3,3 milhões de habitantes dos municípios litorâneos. A maior vulnerabilidade está no Recife, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes.

Para chegar a essa conclusão foram levados em consideração a densidade populacional, urbanização, aumento do nível do mar, ângulo de exposição às ondas e a altura delas. Foram feitas, inclusive, simulações de aumento de ondas de 0,25 cm, 0,50 cm e um metro.

Durante as pesquisas em campo, o setor Norte, que abrange os municípios de Goiana, Ilha de Itamaracá, Igarassu e Paulista, apresentou o menor risco em relação às mudanças climáticas e à erosão. No entanto, a região vem sofrendo grande pressão no que diz respeito ao processo de urbanização. O setor Sul, onde estão as cidades do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Sirinhaém, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande, é o que se apresenta, mesmo nos cenários mais pessimistas, menos vulnerável por conta do índice baixo de ocupação.

PORTOS - As infraestruturas portuárias brasileiras também estão expostas a impactos devidos a fenômenos costeiros naturais ou relacionados ao clima. O resultado, segundo o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) - um dos contribuintes no levantamento encomendado pela SAE -, aponta que o Porto do Recife, no Bairro do Recife, pode sofrer a redução de borda livre do cais, por aumento de maré, e ação de ondas sobre o quebra-mar, bem como a interferência no sistema viário de acesso ao porto. De acordo com as conclusões do estudo, o possível cenário implica numa maior manutenção dos maciços das obras de defesa, ou seja, no reforço de quebra-mares com blocos artificiais.

AVALIAÇÃO - Na avaliação da coordenadora de gerenciamento costeiro de Pernambuco, Andréa Olinto, a partir do mapa da vulnerabilidade feito pela UFPE será possível entender como se comporta a dinâmica costeira e estabelecer medidas que, acima de tudo, reduzam o adensamento das áreas litorâneas. Além disso, ela ressaltou o estudo acadêmico como importante ferramenta, já que será possível ao Estado e municípios aplicar o que estabelece a Lei da Política de Gerenciamento Costeiro. “Com o apoio do Fundo Clima, do Ministério do Meio Ambiente, poderemos articular, juntos aos municípios, um plano de gestão para o enfrentamento às mudanças climáticas”, destacou.

FolhaPE
 
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