28 novembro 2013

Hemoderivados: Hemobrás amplia parque industrial em Goiana

Planta contará com o 13º bloco para produzir o fator VII recombinante, que é 100% importado

A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) terá um investimento extra no parque industrial em construção no Polo Farmacoquímico de Goiana. Além dos 12 blocos para fabricar os medicamentos a partir do plasma sanguíneo, a estatal planeja a construção de um 13º bloco, no qual será produzido o fator VIII recombinante. O produto utiliza engenharia genética na fabricação e, atualmente, é 100% importado em um acordo de transferência tecnológica escalonada com a Baxter International sob custo sigiloso. O projeto da nova estrutura ainda está sendo elaborado, mas estima-se um investimento em torno de R$ 200 milhões e produção agendada para 2018.

O fator VIII recombinante é, assim como o similar fator VIII (que utiliza plasma sanguíneo na fabricação), destinado ao tratamento de hemofilia A, distúrbio na coagulação do sangue que atinge 10 mil brasileiros, de acordo com o cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS). Ambos são importados atualmente. O recombinante, por sinal, é muito mais oneroso aos cofres da união justamente por não utilizar o sangue como matéria-prima. O primeiro pacote a ser importado (iniciado em junho deste ano) reúne 350 milhões de Unidades Internacionais (UI), das quais 70% já chegaram ao Brasil. Cada UI corresponde a um miligrama de plasma.

De acordo com o diretor de incorporação tecnológica e processos da Hemobrás, Antônio Edson Lucena, o plano da estatal é, em três anos, elevar esse volume a 600 milhões de UIs no sistema público de saúde. “A projeção é, em 2018, quando a produção for local, que o volume atenda o Brasil e todo o Mercosul”, assegurou.
O processo de transferência tecnológica do fator VIII recombinante está no início, mas já dá um passo representativo. A Hemobrás conquistou, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a aprovação do registro fator VIII recombinante. Com isso, a estatal vinculada ao Ministério da Saúde passa a deter o registro deste tipo de produto no Brasil. A previsão é que o insumo traga não só o nome Hemo-8r em sua embalagem, mas também o da Hemobrás, na área de segurança da caixa, já no ano que vem.

“Trata-se da validação da Hemobrás como agente farmacêutico. Esse processo exige uma série de responsabilidades. Antes, a atividade era importar e distribuir. Agora, será a Hemobrás a responsável por fazer os testes antes de entrar no Brasil e liberar para o SUS, por exemplo”, explicou Lucena. Segundo o diretor, o calendário destaca a atuação da unidade de Goiana no processo de transferência de tecnologia. “Vamos rotular o produto em Pernambuco em 2015 em envasar em 2016. Essas duas etapas (rotulagem e envase) serão nos mesmos blocos dos hemoderivados. A produção, por sua vez, exigirá o novo prédio por questões de vigilância sanitária. Este, entregue em 2018”, finalizou.

DiárioPE
 
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