19 outubro 2011

Vigilância Sanitária de PE promete fiscalizações em Timbaúba

As pessoas que compraram peças inteiras provenientes de hospitais norte americanos devem entrar em contato com a Vigilância Sanitária de Pernambuco (Apevisa). A orientação foi dada na manhã desta quarta-feira (19) por Jaime Brito, gerente da Agência, após denúncia veiculada no NETV 2ª Edição da terça-feira (18) sobre venda de lençóis de hospitais americanos no comércio e uso em hotéis do interior do estado. O uso de peças inteiras, para Jaime Brito, é um risco em potencial. “A gente já não pode mais garantir tanto quando garante as peças confeccionadas, as calças e blusas”, afirma.

Segundo Jaime Brito, a cidade de Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, deve receber fiscalizações para apurar a denúncia da TV Globo. “Vamos fazer o inverso. A partir do consumidor final vamos rastrear para chegar até a origem desse produto”, conta.

Para ele, o uso de partes das peças não oferece risco à saúde. “Ao colocar o tecido como forro de bolso ele passa por nove processos, inclusive quatro de lavagem a altas temperaturas, além de outros como engomamento a vapor de água quente, produtos químicos na hora do tingimento, cloro etc. Não há nenhuma possibilidade de um micro-organismo sobreviver a esses procedimentos”, detalha.

Já as pessoas que compraram peças inteiras com essa origem devem ficar atentas. “O lençol inteiro, apesar de ser submetido a processos nas próprias residências e estabelecimentos, é um risco em potencial. Pode ser que ele não seja lavado, que tenha um micro-organismo de alta resistência. A situação é bem diferente”, pondera.
O telefone da Apevisa é o 0800-282-5919.

Investigações
A PF instaurou inquérito com o objetivo de apurar as responsabilidades pelo desembarque de contêineres com lixo hospitalar vindo dos Estados Unidos, que apontam para a prática de crimes de contrabando, ambiental e uso de documento falso. As investigações estão sendo coordenadas pelo delegado Fernando Aires, mas o atual chefe da Delegacia de Polícia Fazendária, Humberto Freire, vai assumir nos próximos dias, porque ele já foi chefe da Delegacia da PF em Caruaru e conhece bem a região. "Estamos tentando rastrear quem está comprando o material da importadora. Queremos saber também se esse produto foi distribuído para outras empresas no Brasil", disse o superintendente da PF em Pernambuco, Marlon Jefferson.

'Faltou fiscalização nos EUA'
Em entrevista à Globo Nordeste, na última terça-feira, o governador Eduardo Campos afirmou que faltou fiscalização também por parte dos Estados Unidos. “A mercadoria saiu e não deveria ter saído. Aqui a fiscalização tem sido incrementada no Porto de Suape. Mas, mesmo a checagem sendo feita por amostragem, pegou exatamente um contêiner com esse tipo de material e interrompeu esse fluxo de mercadoria.”

Campos anunciou também que vai pedir, através da Secretaria de Governo, uma representação do Ministério das Relações Exteriores sobre o caso. “Esse incidente precisa ser relatado nos Estados Unidos e vamos pedir que eles investiguem como aconteceu a exportação desse material”, disse.

Ao final da tarde da terça, o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, foi ao Consulado dos Estados Unidos em Pernambuco, no Recife, onde foi recebido pela cônsul Usha Pitts para tratar do assunto. Também participaram da reunião o gestor da Secretaria de Defesa Social, Wilson Damázio, e o secretário de Estado, Maurício Rands.
Em nota divulgada à imprensa, o Consulado disse que já informou o caso às agências norte-americanas responsáveis pela entrada e saída de mercadorias nos Estados Unidos, assim como às agências responsáveis pelo controle ambiental.

“Os Estados Unidos e o Brasil mantêm uma relação comercial forte e madura, que envolve mais de 60 bilhões de dólares por ano. Nós estamos comprometidos em facilitar o comércio legal, reforçando as leis de comércio dos Estados Unidos que protegem a economia, saúde e segurança das pessoas em todo o mundo, através de sólidas parcerias com governos estrangeiros. Nós estamos tratando desse assunto com muita seriedade e verificando se alguma lei americana foi violada”, complementa o comunicado.

Queda nas vendas
De acordo com Adenísio Vasconcelos, presidente do Sindicato do Vestuário de Pernambuco, a repercussão negativa do caso levou a uma queda de 30% nas vendas nas feiras livres das 14 cidades integrantes do Polo. “A notícia pegou todo mundo de surpresa, mas acreditamos que, com as investigações, as pessoas vão notar que foi apenas um caso isolado”, falou.

Uma comissão formada por representantes do Governo do Estado e da cadeia têxtil de Pernambuco se reunirá na próxima sexta-feira (21), novamente no Palácio do Campo das Princesas, para apresentar as primeiras ações tomadas em conjunto.

G1
 
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