16 agosto 2011

Morar em Goiana já está mais caro

Especulação pode esbarrar nas proibições do Iphan que protegem imóveis das principais ruas da cidade. Imagem: MARCELO SOARES/ESP. DP/D. A PRESS

Preços dos imóveis sobem no rastro dos investimentos bilionários que estão chegando à cidade

Goiana, a 67 quilômetros do Recife, já é uma cidade de “milionários”. E não estamos falando aqui dos custos da duplicação da BR-101 ou da implantação do Polo Farmacoquímico ou mesmo da chegada da fábrica da Fiat, que representam, juntos, investimentos de mais de R$ 6 bilhões na região. O setor que está colhendo os primeiros frutos do desenvolvimento do Litoral Norte de Pernambuco é o imobiliário. Assim como aconteceu em Ipojuca, após a consolidação do Complexo Industrial Portuário de Suape, a especulação inflacionou o mercado de imóveis e propriedades que valiam R$ 200 mil há apenas cinco anos, agora estão sendo negociadas na faixa dos R$ 2 milhões.

“Goiana é a bola da vez para a construção civil. Fora o investimento privado, a cidade ainda vai ter um aeroporto e um porto. Os preços vão continuar subindo pelo menos até 2020”, afirmou Alexandre Mirinda, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE). Segundo ele, a especulação no setor deverá chegar, inclusive, em cidades próximas como Condado, Itambé, Itapissuma e Itamaracá, além das praias de Ponta de Pedras, Catuama e Barra de Catuama, que já estão sentindo um aumento na procura de lotes de terra.

Bom para a paranaense Aline Romanelli, que mora há 11 anos no município, e recentemente trocou o negócio familiar de frigoríficos pelo mercado imobiliário de Goiana. “Comecei comprando uma casa, depois outra e agora já tenho imóveis suficientes para concretizar vários projetos. Só por uma das casas que comprei, que fica na Rua Manoel Borba, já tive propostas de quase R$ 2 milhões, 10 vezes mais que o valor da compra, e recentemente um banco tentou alugar a mesma casa por R$ 12 mil ao mês”, explicou.
"Agora, já tenho imóveis suficientes para concretizar vários projetos", 
Aline Romanelli, empresária. Imagem: MARCELO 
SOARES/ESP. DP/D. A PRESS

Nenhuma das ofertas, contudo, foram aceitas, pois Aline tem planos mais ambiciosos para o imóvel. “Sei que muitas empresas trarão funcionários de outros estados que precisarão de moradia, comida e outros serviços como lavagem de roupa. Minha ideia é construir os primeiros flats da cidade”, detalhou. Os sonhos da empreendedora só esbarram nas proibições do Iphan que protege vários imóveis de Goiana considerados patrimônio histórico e cultural. A maioria deles fica justamente nos trechos mais valorizados da cidade como a Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, as   Rua Direita e Manuel Borba, e não poderão virar prédios. 

Os entraves burocráticos, todavia, não refletem nos preços. O corretor goianense Ogeir Malaquias da Silva afirma que nunca viu tantos orçamentos milionários na cidade. “As casas que antes eu negociava por R$ 200 mil, agora custam R$ 600 mil. As de R$ 600 mil, subiram para R$ 1,5 milhão. Todas as ruas da cidade têm pelo menos uma casa sendo vendida nestes valores. São aumentos de 300%”, comentou. E a valorização também vale para os aluguéis. De acordo com o corretor, uma casa com 200 metros quadrados na cidade, que antes era alugada por R$ 800, passou para R$ 1,5 mil. E se for para empresa, o valor sobe para R$ 4 mil.

A boa fase do setor imobiliário, contudo, não está beneficiando todos os moradores da cidade. A empresária Maria do Carmo Tavares deu sorte e alugou uma casa antes do anúncio da Fiat, mas seus planos de comprar a residência vizinha ao restaurante foram frustrados com a alta de preços.

Fonte: Diário de Pernambuco
 
-
-
Todos os direitos reservados à Anderson Pereira. Obtenha prévia autorização para republicação.
-