07 janeiro 2011

Usuários de ônibus protestam aumento abusivo em João Pessoa

Usuários de transporte público de João Pessoa-PB se mobilizaram contra o aumento abusivo da tarifa de ônibus. Com apitos, faixas e cartazes, os manifestantes se concentraram em frente ao Theatro Santa Roza, ocupando as duas faixas da via pública e mostrando a população o que o tipo de aumento venha gerando.
Uma das reclamações do DEC/UFPB é pelo aumento estar acima da inflação. “Acima do reajuste dado aos cobradores, aos motoristas, acima do salário mínimo também”, enumera Abraão Matheus, estudante universitário, e, como fez questão de enfatizar, desempregado.

 

“Eu, professor, vejo o sacrifício dos meus alunos pegando ônibus, vejo essa realidade de famílias extremamente pobres, que ganham um salário mínimo e têm que dar 10% do seu orçamento ou até mais pra pagar uma tarifa extremamente absurda”, desabafa o professor de história da rede estadual, Renan Palmeira.

 

Mas ele não vê o problema apenas de longe. Renan não sabe dirigir e também é usuário do transporte público coletivo. “Gasto, por dia, R$ 4,20. Dá por semana quase R$ 25 e por mês R$ 100 só pra ir e voltar do trabalho”, explica, “pesa muito no meu bolso, principalmente porque professor também é muito mal remunerado, eu poderia tá comprando livros, investindo nos meus estudos ou num plano de saúde”.




Planilha Tarifária
O DCE acusa as empresas de transporte urbano de João Pessoa de estarem sendo desonestas com suas contas. Segundo eles, o lucro dos empresários é de, pelo menos, metade de cada passagem, ou seja, R$ 1,10 para cada usuário, enquanto que os relatórios não discriminam lucro algum. “Quando vêm falar de aumento de passagem, surgem com planilhas técnicas que têm valores irreais”, afirma Abraão, “surreais, diria eu”, completou.



O conselheiro tarifário do DCE, Enver José, explica que a própria planilha tarifária determina que quanto maior for o número de estudantes, mais alto é o preço da tarifa. Mas de 2006 até o ano passado, a quantidade de estudantes diminuiu de 40% para 20%. “Se reduziu a quantidade de estudantes, a tarifa de ônibus devia também ter reduzido” pontua.
Enver também diz os problemas do usuário, como superlotação e demora dos ônibus, não é discutido nas reuniões do conselho. “Mas o problema do empresário, a prefeitura sempre resolve, que é sempre um reajuste”, diz.



Esse e outros pontos serão discutidos com o prefeito Luciano Agra no próximo dia 18 em uma audiência. Na pauta da reunião estão a redução da tarifa, a relização de um seminário de mobilidade urbana na cidade de João Pessoa e a solicitação de uma auditoria das contas das empresas de transporte urbano da Cidade para averiguar essas denúncias.
 
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