18 dezembro 2010

EUA oferecem acordo em troca de Assange

As autoridades dos Estados Unidos teriam oferecido ao soldado Bradley Manning — o americano acusado de vazar documentos secretos do governo para o WikiLeaks — um acordo caso ele aponte o fundador do site como seu cúmplice, informou o jornal britânico Independent. O Departamento de Justiça acredita que as chances de processar Julian Assange são menores se ele for considerado um mero receptador das informações. Mas se provar que o australiano ajudou Manning, ele poderia ser processado por espionagem.

Para as autoridades, persuadir Manning, um analista de inteligência de 23 anos, a apresentar provas de que o fundador do WikiLeaks o encorajou a vazar informações confidenciais do Departamento de Estado e do Pentágono é crucial para obter sua extradição. Para facilitar isso, Manning pode ser transferido da prisão militar para uma civil. A medida se segue a rumores de que um grande júri estaria sendo formado na Virgínia para considerar a possibilidade de indiciar Assange. O Departamento de Justiça, no entanto, se recusou a comentar o caso.

Desde que foi preso em maio por divulgar um vídeo em que helicópteros militares matam 17 pessoas no Iraque, incluindo dois jornalistas, o soldado tem sido mantido numa base militar, na Virgínia. Manning é mantido numa solitária, e sua saúde estaria se deteriorando, segundo amigos. Ele também estaria sendo alvo de intimidação de agentes do governo. O soldado deve enfrentar a Corte Marcial e pode ser condenado a até 52 anos de prisão.

"Nas últimas semanas, notei um declínio em sua saúde mental e física. O prolongado confinamento numa solitária está afetando seu intelecto. A incapacidade de se exercitar afetou a aparência, sugerindo fraqueza", contou David House, que visita Manning duas vezes por mês.

Em Londres, um dia após ser solto sob fiança, Assange negou conhecer Manning, numa entrevista à rede americana ABC:

"Nunca havia escutado o nome Bradley Manning antes que fosse publicado pela imprensa. A tecnologia do WikiLeaks foi projetada para assegurar que nunca soubéssemos as identidades das pessoas que nos enviam material".

Na mansão em que foi recebido em East Anglia, o australiano prometeu que o vazamento dos documentos diplomáticos americanos se intensificará agora que voltou ao comando do site. Assange considerou a investigação americana agressiva. Segundo ele, as acusações da justiça sueca de que teria cometido crimes sexuais contra duas mulheres fazem parte de uma campanha de difamação.
 
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