04 outubro 2017

Tráfico: A difícil equação drogas, violência e segurança pública tem solução?

Por José Mário, policial militar

No meu sentir, o tema DROGAS ainda é muito combatido no “campo dos debates”, e mais ainda quando da elaboração de políticas eficazes de prevenção e repressão as consequências provocada de maneira sistêmica pelos entorpecentes, sobretudo os ilegais.

Também no meu sentir, e muito em razão de nos últimos 29 anos ter labutado em todo o Estado, bem como, e especialmente, no POLÍGONO DA MACONHA e no comando de guardas prisionais, dentro e fora dos presídios, e ter dito parte do conteúdo desse texto na reunião do PPV, e que gerou a criação do programa ATITUDE.

Acredito que existe uma necessidade premente de “encarar” ou “aceitar” que é sim o elemento VICIADO um dos atores fundamentais em qualquer política que vise alcançar a violência sob o prisma angular das drogas enquanto causa e efeito.
Observe que quando abordamos o tema drogas no contexto da segurança pública (TRAFICANTES – DROGAS – VICIADOS), importa que todo os países do mundo que tem seu viés de violência a partir da variável DROGAS, enquanto apenas investe no combate e repressão tanto dos TRAFICANTES (Variável 1), quanto das DROGAS (Variável 2), apenas conseguem algumas conquistas, eventuais é bom se dizer, ou seja, são literalmente vitórias de pirro.

Afirmo isso uma vez que a partir da prisão de um traficante, no outro dia teremos ao menos 2 para a posição (vide os morros no RJ, todos os líderes já foram presos…).

Ou quando investimos na VARIÁVEL 2 (DROGAS), subestimando que, e principalmente, as organizações criminosas que tem no tráfico sua principal atividade, também analisa e tem estratégia, onde os lotes de remessas de drogas são separados, divididos e subdivididos, remetidos em camadas, onde a apreensão de alguns lotes, não comprometem via de regra o atendimento às demandas, à procura.
O que nos resta então?

A VARIÁVEL 3!!! (VICIADOS!!!).

Essa variável sim compromete a organização do tráfico de drogas! dar prejuízos efetivos e que causam perdas imensuráveis, e a prova disso é que os envolvidos não perdoam um VICIADO se ele der prejuízo, cobram pena capital, entendem eles (os traficantes!) que é pra dar exemplo.

Vide também o México, onde alguns anos resolveram investir em centros de tratamentos químicos, onde o prejuízo foi tamanho que os criminosos proibiram viciados de procurarem tratamentos e muitos desses centros foram massacrados pelos traficantes, numa tentativa de salvar o investimento e inibir a política pública e de saúde mais eficaz, qual seja, TRATAR efetivamente o dependente químico!

Que tenhamos sim políticas mais efetivas e eficientes das varáveis 1 e 2, mas jamais sem antes, e principalmente, ter um olhar mais agudo e profundo para as causas, consequências que levam o ser humano a procurar, buscar e consumir entorpecentes, e dentro dessa ótica, entender o que levará o mesmo VICIADO a percorrer o caminho de volta, ficar limpo e dizer NÃO as drogas.

Na equação TRAFICANTES + DROGAS = SEM VICIADOS, a variável 1 será apenas mais um dos 13 milhões de desempregados no Brasil!

Obrigado pela oportunidade, espero não ter me alongado, mas a intenção é contribuir, mesmo porque, aqui também estamos cuidando da gente mesmo, pois segurança pública é isso, CUIDAR DAS PESSOAS.

José Mário, TC QOPM – Asp 1990.

 
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