28 dezembro 2015

Cultura: 80 anos do goianense Duda celebrado com carnaval em pleno dezembro

Músicos foram tocando do Centro até a casa do maestro

A Praça da Independência, durante o Carnaval se transformava em Quartel General do Frevo, toda a folia da capital convergia para a pracinha localizada no Centro do Recife, no encontro das Avenidas Guararapes e Dantas Barreto. O local já foi também palco para apresentações de cordelistas, violeiros, emboladores e coquistas. Fica lotada o ano inteiro. Na última quarta (23), as pessoas que ali fazem ponto confundiram com mais uma pregação religiosa o ajuntamento de pessoas que se formou no final da tarde. Não imaginavam que se tratava de músicos, até surgirem rostos bem conhecidos, o maestro Spok, o cantor Claudionor Germano e o compositor Severino Luís de Araújo (autor de Morena Azeite).

O encontro foi convocado pelo maestro Ademir "Formiga" Araújo para homenagear o maestro Duda, que completou 80 anos. Tinha que ser no QG e com muito frevo. O aniversariante, no entanto, não aparecia. "Ele foi no Arruda pegar o caldinho que encomendou para os músicos", explicou outro maestro, Spok. Os músicos foram esquentando os instrumentos. O povo foi chegando. Logo Fogão (Sérgio Lisboa) e a Marcha nº 1 do Clube Mixto Vassourinhas (Matias da Rocha/Joana Batista) ressoavam pela pracinha como nos velhos tempos. Não demorou, do nada, surgiu um passista, com um velho guarda chuva, como acontecia nos primeiros anos do frevo, ali mesmo. Um senhor, de uns 70 anos, bem vestido, também caiu no passo. Na orquestra, composta de uns 30 músicos, estava Rafael, neto do maestro Duda, que toca o sax Selmer com que o avô animou dezenas de carnavais. Ainda se esperou que o aniversariante chegasse ao QG do frevo. Duda ligou avisando que esperava o orquestrão na sua casa, na Rua José de Alencar, nos Coelhos.

Rua Nova, Ponte da Boa Vista, Imperatriz, Praça Maciel Pinheiro viram pela primeira vez este ano o frevo passar por elas como nos velhos tempos. Um arrastão comandado por Ademir e Spok, seguido por foliões, que não entendiam que Carnaval era aquele, mas atendiam ao chamado do frevo: "Eu adoro o frevo desde pequena, mas meus pais não deixavam que eu brincasse, diz Bernadete, 53 anos, moradora de Areias, fã de Claudionor Germano, com quem tira uma foto. Na frente do prédio em que mora, o maestro Duda regeu a orquestra por algum tempo e convidou o pessoal para o apartamento onde a cerveja estava esperando. Foi uma festa de músicos, sem "autoridades competentes", como era o frevo há cem anos.

Fonte: JCOnline
 
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