29 abril 2015

Goiana: Enquanto isso, a cidade no caos

É impressionante o processo de involução no qual Goiana, que tem mais de quatro séculos, se meteu. E nem as instalações do Polo Automotivo, da Hemobras e das empresas do Polo Vidreiro conseguem transformar a decadente realidade do município. Hoje, será inaugurada a fábrica da Jeep e o grupo cumpriu todos os acordos para conseguir entregar o empreendimento no prazo, mesmo sem as contrapartidas do Estado e da prefeitura local, que continuam deixando a desejar. Enquanto os executivos da Jeep comemoram mais um largo passo na história da montadora e os gestores inflam os seus egos por terem uma empresa desse porte na região, a população local implora para receber os frutos prometidos com a vinda da italiana. A cidade enfrenta sérios problemas de abastecimento e algumas comunidades ficam até 10 dias sem ver uma gota d’água cair da torneira. Fora isso, a iluminação pública é um fiasco, basta circular à noite e ver diversos postes apagados, o que facilita a ação de bandidos e sem falar na entrada da cidade, pela PE-75, que está deplorável, cheia de buracos. Os serviços de bares, restaurantes, pousadas e hotéis estão longe de atender às necessidades do conjunto de empresas.

E agora?
Dos 11 mil trabalhadores que atuaram na construção da Jeep, cerca de seis mil foram desligados. Com isso, naturalmente, houve uma baixa nas vendas do comércio local e, também, nos contratos de aluguel. Agora, a expectativa é de que o valor dos imóveis alugados caiam. Há três anos, uma casa simples na periferia custava R$ 250 por mês e hoje custa, em média, R$ 700.

Atrasos - Assim como o Arco Metropolitano, a linha de transmissão de energia elétrica e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para atender à Jeep, a escola do Senai - que já deveria estar em construção para capacitar mão de obra para a montadora - também não saíram do papel. Nesse caso, o problema depende da Prefeitura de Goiana. As outras obras são com o Estado.

Raio-X 1 - Só para lembrar, o índice de analfabetismo em Goiana chega a 52% em áreas rurais, 46,9% da população recebe auxílio do Bolsa Família e a taxa de homicídio é de 44,9 para cada 100 mil.

Raio-X 2 - Sobre a saúde, a situação é grave. Só 68% da população recebe assistência dos PSFs, segundo estudo “Goiana e os desafios do desenvolvimento sustentável”.

Segurança - Outra promessa não cumprida pelo Estado é a instalação de uma companhia independente da polícia para dar conta dos problemas relacionados à segurança. O que não é singelo.

Atenção Compesa! - Não basta passar dias e mais dias sem água, a população de bairros como Nova Goiana e Flexeiras precisa ficar acordada de madrugada para armazenarem a água, que chega às torneiras com um fedor insuportável.
Nem só de fé... Numa demonstração de puro amadorismo, Goiana sequer conseguiu dar conta da reestruturação do seu plano diretor, que definirá as estratégias de desenvolvimento do município. Sinceramente, o que o prefeito, Fred Gadêlha, está esperando?

...vive o homem - A promessa de atualizar o plano, elaborado em 2004, é desde 2013, quando Gadelha assumiu o posto. O próprio gestor havia dito que “com fé em Deus” o documento estaria pronto até o fim do ano passado. Até agora nada foi feito.

Por Jamille Coelho/FolhaPE
 
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