20 agosto 2014

Investigações: Vídeo mostra imagens da queda do avião de Campos

Um vídeo apresentado pelo "Jornal da Globo" na madrugada desta quarta-feira (20) mostrou pela primeira vez a queda do avião que matou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB).

O avião caiu na manhã de 13 de agosto, no bairro Boqueirão, na região central de Santos (litoral de São Paulo), matando o candidato e outras seis pessoas.

As imagens mostram o avião caindo de bico em meio aos prédios seguido de um clarão de explosão, fumaça e fogo. Segundo o programa, as imagens foram feitas por câmeras de monitoramento de um prédio em construção, localizado a cerca de 500 metros do local do acidente.

O horário que aparece nas imagens é 11h03, uma hora depois do horário divulgado pela Aeronáutica, o que dificultou a descoberta do vídeo. O avião Cessna Citation 560 XL, prefixo PR-AFA, voava do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para a base aérea do Guarujá (SP). Campos teria três compromissos de campanha em Santos.

Além do presidenciável, estavam a bordo os assessores Alexandre Severo (fotógrafo oficial da campanha), Marcelo Lyra (cinegrafista), Pedro Valadares (ex-deputado e assessor do candidato) e Carlos Percol (assessor de imprensa). Também morreram no acidente o piloto Marcos Martins e o copiloto da aeronave Geraldo da Cunha.

AERONÁUTICA

Segundo a Aeronáutica, a aeronave abortou o pouso (arremeteu) em razão do mau tempo. Ao fazer a volta para tentar novo pouso, contudo, perdeu altitude e caiu sobre um conjunto de casas e prédios residenciais baixos no bairro do Boqueirão.

O tempo estava ruim no momento do acidente; havia chuva, vento e visibilidade baixa no aeroporto. Mas, segundo os registros meteorológicos da Aeronáutica, as condições permitiam o pouso de um avião como o Citation. Antes do acidente, o piloto do jato Citation disse em voz calma à Base Aérea de Santos que faria uma nova tentativa de aterrissagem na pista local.

A gravação, que registra conversa ocorrida por volta das 10h, foi divulgada na noite do dia 13 pelo site Radar Box Brasil, que monitora conversas entre aeronaves e tráfego aéreo.

No trecho, o condutor do avião não se queixa de problemas no avião. Não está claro, porém, se esse foi o último contato com a base; como não há uma torre de controle no local, a comunicação se dá por rádio.

ESPECIALISTAS ESTRANGEIROS

Especialistas dos Estados Unidos e do Canadá foram enviados ao Brasil para participar da investigação da queda do avião que matou o presidenciável e outras seis pessoas.

O grupo é formado por técnicos do National Transportation Safety Board (NTSB), principal autoridade norte-americana de investigação de acidentes, da Transportation Safety Board (TSB), órgão similar do Canadá, da Cessna Aircraft Company, fabricante do avião, da Pratt & Whitney, fabricante do motor, além da Federal Aviation Administration (FAA), agência de aviação civil americana.

Segundo a Aeronáutica, a participação dos especialistas na investigação é normal e segue a convenção de Chicago, da Organização de Aviação Civil Internacional.

ACIDENTE

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu no dia 13 de agosto em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial. A Aeronáutica investiga a queda.

Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente foram para a unidade do IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo. Na noite de sábado (16), o corpo de Campos chegou ao Recife. Os filhos dele carregaram o caixão usando camisetas com a frase "Não vamos desistir do Brasil", dita pelo candidato na TV.

Cerca de 130 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, acompanharam no domingo (17) o cortejo com o corpo de Eduardo Campos no Recife, após o velório no Palácio do Campos das Princesas. O ex-governador foi enterrado sob gritos de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro", aplausos e fogos de artifício. No velório, Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula receberam vaias da multidão, depois abafadas por aplausos. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) também participou da cerimônia.

Marina Silva ficou ao lado de Renata Campos, viúva do candidato, durante o velório e o enterro. No cemitério, a ex-senadora foi seguida por pessoas que gritavam seu nome e tentavam tocá-la. Os corpos das outras vítimas do acidente foram enterrados em Recife, Aracaju, Maringá (PR) e Governador Valadares (MG).

Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.

Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.
Folha de São Paulo
 
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