31 março 2014

Goiana: Depois de cinco horas, integrantes do MST liberam BR-101

Após cinco horas interditada, integrantes do MST liberaram a BR-101 Norte, próximo à Usina Maravilhas, em Goiana. Pneus e entulhos foram incendiados na manhã de hoje (31) para impedir que os carros trafegassem pelas vias. Segundo a PRF, o trânsito ficou muito complicado nos locais, causando grandes engarrafamentos. A mobilização, organizada por diversos movimentos e organizações sociais e sindicais, reivindica uma série de medidas emergenciais e estruturantes para a região, no que diz respeito à permanência e acesso à terra e ao território; assalariamento rural; sistema produtivo, agroecologia, segurança e soberania alimentar; e políticas públicas e projetos/programas sociais.

As cobranças encontram-se no documento “Diretrizes para reestruturação socioprodutiva da Zona da Mata ”, elaborado pelas organizações sociais do campo e entregue em agosto de 2013 aos governos Estadual e Federal. São 85 propostas em contraposição ao modelo de desenvolvimento excludente e injusto vigente na região. Porém, passados sete meses da entrega do documento, nenhuma medida foi anunciada pelos órgãos estatais.

Além das propostas, as organizações denunciam o atual contexto de violação de direitos em que vive a população do campo na Zona da Mata. A região canavieira tem passado por profundas mudanças nas suas bases produtivas, onde o monocultivo da cana-de-açúcar passa a dividir espaço com o investimento e a instalação de grandes empreendimentos industriais. No entanto, denunciam os movimentos sindicais e organizações sociais que atuam na região, que este novo cenário tem aumentado as dívidas sociais históricas que deixam profundas marcas para as famílias que vivem no campo.

Mesmo com mudanças em suas bases produtivas, a estrutura fundiária na região permanece intocada. A ausência de medidas que visem modificar os índices de concentração de terras, - um dos mais altos do país - condena a população do campo a viver em situações alarmantes de conflitos agrários ou em condições desumanas nas periferias dos municípios. A Zona da Mata também possui municípios com alguns dos piores Índices de Desenvolvimento Humano de Pernambuco e do Brasil, além de ostentarem altos índices de analfabetismo. Segundo dados do IBGE, 17,6% da população da região ainda vivem em situação de extrema pobreza e cerca de 50% das famílias dependem de programas de transferência de renda para sobreviver.

Para os movimentos e organizações sociais, a mobilização tem o objetivo de denunciar que este modelo de desenvolvimento não resolve esses históricos problemas, e de apontar a Reforma Agrária e a defesa dos territórios camponeses como proposta concreta para enfrentar os principais desafios e o combate à fome, tão presente na Zona da Mata. As organizações também denunciam a situação de degradação ambiental na região com o uso de agrotóxicos que contaminam os solos, as fontes de água e os alimentos, gerando diversos problemas de saúde na população rural e urbana; e, o contínuo desmatamento da Mata Atlântica, que ocasiona a perda da biodiversidade, fatores ambientais que levam a população urbana e rural a enfrentar ciclicamente os desastres ambientais como as grandes enchentes e estiagens prolongadas.

Fonte: Diario PE
 
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