31 agosto 2013

Economia: Fábrica da CBVP entra em operação no quarto trimestre

Mais de 4 mil contêineres desembarcaram nos últimos meses nos portos de Suape e do Recife trazendo de várias partes do mundo os equipamentos que atualmente estão instalados na Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), projeto de R$ 1 bilhão controlado pelo grupo pernambucano Cornélio Brennand. Os fornos da unidade serão acesos dentro de 60 dias, dando início a uma produção diária de 900 toneladas de vidro.

A CBVP fica no município de Goiana, no Litoral Norte de Pernambuco, bem próxima de onde está sendo construída a fábrica da Fiat. O empreendimento também está a apenas poucos quilômetros da jazida de sílica, que pertence ao grupo e fica na cidade de Pedras de Fogo, na Paraíba. Foram investidos R$ 47 milhões em uma usina de beneficiamento da matéria-prima, o que fará da CBVP a única empresa integrada do setor no país.

"Seremos os únicos fabricantes integrados em matéria-prima, areia e processamento", disse ao Valor o presidente da CBVP, Paulo Drummond. Ele acredita que o controle da totalidade do processo e a proximidade da matéria-prima devem gerar vantagens competitivas importantes, sobretudo em custo. "Não tenho informação de nenhum fabricante no mundo que esteja tão próximo da matéria-prima", argumentou.

A expectativa de Drummond é de que o faturamento da CBVP chegue aos R$ 500 milhões já no primeiro ano de operação. Para isso, a empresa iniciou, em agosto de 2011, a atividade comercial, atendendo os clientes com vidros planos importados. Com foco na indústria da construção civil, a CBVP tem 50% dos clientes baseados na região Nordeste. A outra metade está espalhada pelas várias regiões do país.
A atração prévia dos clientes é fundamental para o negócio de vidro, visto que os fornos ficam ligados ininterruptamente. "Se eu não tiver uma boa carteira, não consigo jogar 900 toneladas por dia", explica o executivo. Mais de 70% da produção da CBVP será direcionada ao setor residencial, especialmente a decoração de interiores, como boxes de banheiro e espelhos, por exemplo. O setor moveleiro representa algo próximo a 15% e o restante vai para as fachadas de edifícios comerciais.

Até o momento, seis empresas de transformação de vidro já anunciaram que vão se instalar nos arredores da CBVP, dando início a criação de um polo vidreiro no Estado. Dessas companhias, quatro vão produzir vidros temperados e duas, blindados. Todas são de Pernambuco e estão buscando financiamento para iniciarem as obras o que, segundo Drummond, deve ocorrer durante o primeiro semestre do ano que vem.

Até lá, a CBVP espera ver melhorias na precária infraestrutura de transportes da região. O governo de Pernambuco trabalha para viabilizar o projeto de um arco metropolitano que vai interligar as rodovias sem a necessidade de passar pelo Recife.

Recentemente, o presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Bellini, subiu o tom na cobrança do projeto do arco metropolitano. Assim que entrar em operação, a CBVP deve despachar algo em torno de 90 carretas por dia. "Para nós a obra é fundamental. A condição atual é sofrível", avaliou Drummond.

Valor Econômico
 
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