22 abril 2013

Economia: Plano diretor de Goiana será revisto

Complexo da montadora Fiat que está saindo do papel é orçado em R$ 7 bi

Não é mágica. É gente mesmo. Dentro de quatro anos, a população de Goiana pode saltar dos 75 mil habitantes para 150 mil. “Essa é a perspectiva”, diz Bruno Lisboa, secretário de Planejamento do município. Um desafio e tanto para a prefeitura, que precisa correr contra o tempo para melhorar de um tudo. A meta é, num primeiro momento, trabalhar a cidade até 2020. O plano diretor, de 2004, precisará ser revisto. Ou feito praticamente do zero. O secretário acredita que as discussões devem ser iniciadas em maio.

“Mas leva algum tempo, tem que ter participação da sociedade. Pelo menos uns seis meses de discussão para apontar como a cidade vai andar com os projetos. O plano diretor antigo não aponta”, afirma Lisboa. Pudera. Em 2004 era difícil imaginar que a cidade e o seu entorno fossem transformados numa espécie de nova Suape. Com todos os problemas que vêm a reboque. “O desafio do poder público é acompanhar a velocidade do investimento.” Não é só isso. A rixa entre Pernambuco e Bahia, por exemplo, chegou a Goiana.

“Eu quero trabalhar na Fiat. Já mandei muito currículo.Mas eles estão trazendo gente de fora, da Bahia”, reclama Olívio Borges de Araújo, 32 anos, 12 deles como mototaxista. Ele não é o único. Nas rádios locais, as queixas dos ouvintes são diárias. O consórcio Construcap/Walbridge teria trocado a força de trabalho local pela baiana. Mas a expectativa é a de que, quando os trabalhos atingirem o auge, mais profissionais da região sejam incorporados às obras. O complexo da Fiat no estado está orçado em R$ 7 bilhões.

A reclamação não é só de quem quer trabalhar nos grandes empreendimentos e não consegue. Os camelôs também não estão satisfeitos. Terezinha de Jesus, que vende controles remotos e eletrônicos, diz que o movimento caiu muito. Ermírio Luiz de Moraes, que ajuda os comerciantes do camelódromo na manutenção das barracas, confirma a dificuldade. “Dos 22 vendedores de calçados, só restaram nove. E só cinco estão vendendo no momento. É preciso olhar para o comércio de rua também.” (T.N.)

Em ritmo de Copa do Mundo
As obras civis da fábrica da Hemobrás devem ser concluídas em 2014. O ano da Copa do Mundo também vai marcar o início da fabricação do primeiro produto, a albumina. “Em 2015 teremos outros. Até 2016 devemos estar com a produção completa”, afirma o presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho. Para garantir a produção, é preciso terminar de contratar pessoal. Por concurso público. A direção trabalha para lançar um edital ainda neste ano. Segundo Maciel Filho, o número de vagas ainda não foi definido.

“Temos uma preocupação imensa com questão de recursos humanos. Há dificuldade de captação e fixação de pessoal, seja por conta da posição geográfica da fábrica, seja pela questão salarial.” O próprio presidente reconhece que os salários não são muito atrativos. Os de nível superior, por exemplo, ficam em torno dos R$ 6 mil, R$ 7 mil. “Estamos vendo se conseguimos criar um novo plano de cargos e salários junto aos ministérios da Saúde e Planejamento.” Segundo Romulo Maciel Filho, a operação da fábrica vai demandar 360 profissionais.

Atualmente, cerca de 20 atuam no Bloco B1, o único que já está pronto. Foi inaugurado em dezembro de 2011. É a câmara fria, onde fica estocado o plasma, matéria-prima para a fabricação dos hemoderivados. Outros três blocos devem ficar prontos entre julho e agosto para começar a receber os equipamentos. Alberto Santos da Silva, 29, trabalha neles. Natural de Caaporã, região metropolitana de João Pessoa, está na construção civil desde 2006. Já trabalhou em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Começou nas obras da Hemobrás em setembro de 2011.

“Antigamente, para conseguir emprego tinha que ir para longe. Agora não”, diz Alberto, que já tem planos para concluir o ensino médio e fazer vestibular para engenharia. O problema é o tempo que vai levar até ele e os outros trabalhadores da região conseguirem melhorar o currículo. Para Romulo Maciel Filho, este é o grande desafio. Não apenas para a Hemobrás, mas para todos os grandes empreendimentos de Pernambuco e do Nordeste. “A Região tem um passivo histórico na capacitação. A velocidade dos empreendimentos está deixando isso claro.” (T.N.)

Diário de Pernambuco
 
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