30 outubro 2011

Betim inspira Goiana como modelo ambiental

Sustentabilidade. Este é conceito que a montadora italiana Fiat deverá trazer, junto com sua fábrica, para a cidade de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Os detalhes da planta industrial podem até ser sigilosos, mas a empresa faz questão de revelar os projetos ambientais que serão desenvolvidos no estado. Entre as ações previstas pela multinacional estão a criação de uma Ilha Ecológica para o reaproveitamento e reciclagem de 100% do lixo produzido no parque fabril, a construção de uma unidade moderna de reciclagem de isopor e a implantação de um complexo de tratamento de líquidos que deverá filtrar 99% de toda a água utilizada na empresa.

“A fábrica de Goiana vai nascer com 35 anos de experiência, pois vamos levar o que deu certo na montadora da Fiat em Minas Gerais. Queremos construir e gerir uma planta com baixo impacto ambiental, materiais renováveis, ciclovia, iluminação em LED, uso da energia solar e os mais modernos sistemas de conservação de recursos”, afirmou Adauto Duarte, diretor de relações industriais da Fiat. A ilha ecológica que será construída em Goiana contará com um sistema de coleta seletiva interna, onde todo o lixo será reutilizado. A parte orgânica, inclusive, passará por um processo de compostagem para virar adubo.

A planta também contará com uma unidade de reciclagem de isopor, que é processado dentro da empresa e transformado em matéria-prima para a produção de vasilhames, solas para calçados, corpo de caneta e embalagens. “O isopor é o produto cujo descarte é o mais difícil para as indústrias do mundo todo. Mas como nosso objetivo é não mandar nada para os aterros, importamos tecnologia e conseguimos montar em Minas uma pequena fábrica que transforma as peças de isopor em grãos. E é esse o projeto que vamos levar para Goiana”, explicou o engenheiro ambiental da fábrica de Betim, Cristiano Félix.

Outra novidade das obras em Pernambuco é a instalação de um Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos que utiliza tecnologia MBR – Membrane Biological Reactor – para o aproveitamento de 99% da água utilizada dentro da empresa. “Já utilizamos o sistema na fábrica de Minas Gerais. Toda a água usada no processo industrial é reaproveitada e volta ao processo. Compramos água apenas para os bebedouros, o restaurante e os chuveiros”, detalhou.


Construindo dignidade
Já para os seus 4,5 mil funcionários pernambucanos, a Fiat montará um Centro de Saúde Preventiva em Goiana, que terá várias especialidades e atenderá os trabalhadores e suas famílias. No quesito cultural, além das parcerias com grupos locais, existe a possibilidade de, no futuro, a montadora construir uma Casa da Cultura no Recife, que receberá apresentações teatrais, musicais e exposições de arte. 

E a população local será contemplada pelo programa social Árvore da Vida, criado pela Fiat Brasil para elaborar projetos de inclusão nas comunidades carentes próximas às fábricas da montadora. “Vamos visitar o município ainda em novembro para fazer um diagnóstico. Depois montaremos um plano de ação, que será semelhante ao da Cooperárvore, de Betim”, explica Luana Ferreira, responsável pelo programa. A cooperativa é formada por 26 mulheres da região, que confeccionam diversos produtos a partir de matéria-prima doada pela Fiat. 

Iracema Pereira, 56, é vice-presidente da Cooperárvore e estava sem gerar renda quando, em 2006, foi chamada para participar do programa. “Meu marido tinha sofrido um derrame e estava sem trabalhar. Eu era dona de casa e rapidamente ficamos sem dinheiro. No início, a proposta era que fizéssemos um curso de corte e costura, como qualificação profissional mesmo, mas depois conseguimos nos articular e montamos a cooperativa. Agora posso sustentar minha família”, comemora.

Diário de Pernambuco
 
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